Aerominas: GOL compra VARIG por US$ 320 MM

sábado, março 31, 2007

GOL compra VARIG por US$ 320 MM

Veja como fica o mercado interno Veja o impacto nas rotas externas




Seis meses depois do acidente do vôo 1907, que deixou 154 pessoas mortas após queda de um Boeing 737-800 no norte do Mato Grosso, a Gol realizou o mais importante negócio da aviação brasileira, fechando a compra, por US$ 320 milhões, da Varig e se aproximando da TAM, líder no mercado nacional.



A compra, anunciada por meio de um comunicado, ainda depende da aprovação da Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) - juntas, Gol e TAM concentrarão 92% do mercado interno. A chilena LAN, que já havia feito um empréstimo de US$ 17,1 milhões para a Varig, também estava na disputa. Em fevereiro, analistas já previam que a Gol poderia alcançar a TAM antes do final do ano. Com a compra da Varig, esta perspectiva fica ainda mais próxima. A Gol é hoje a segunda colocada no ranking das companhias aéreas brasileiras em número de passageiros transportados. Em fevereiro, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a empresa ficou com pouco mais de 40% do mercado, enquanto a TAM transportou 47,33% dos passageiros dentro do país. Somada à participação da Varig, de 4,57%, a Gol teria agora 44,57% do mercado. Ainda no mercado interno, o maior interesse da Gol é a presença da concorrente no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A Varig é a companhia com maior número de slots (vagas para pousos e decolagens) neste aeroporto, considerado o mais rentável do país. A companhia, no entanto, terá que negociar para manter esses espaços. A Anac quer redistribuir os slots, o que só não foi feito até agora por conta de uma liminar da Justiça do Rio de Janeiro.

No mercado internacional, a Gol encurtou bastante o caminho para a liderança de mercado com a compra da Varig. Isso porque, embora a Varig não use, ela ainda detém os direitos da maioria das rotas em que atuava. "Se a compra acontecer, a Gol terá todo esse mercado reservado da Varig", afirma Rogério Camilo, analista de transporte aéreo da Lafis Consultoria. "O crescimento da Gol hoje está restrito à sua capacidade de expansão. Com a compra, esse problema está resolvido", completa.

Nos vôos internacionais, a dianteira da TAM é maior: 61% de participação, ante 18,94% da Gol. A Varig tem hoje 11,82%, o que leva a Gol a 30,76%.
De acordo com o comunicado divulgado pela Gol, as duas companhias aéreas passam a ter, juntas, mais de 20 milhões de passageiros por ano. A marca Varig será mantida e as duas empresas terão contabilidades separadas. Ainda de acordo com o comunicado, a Gol vai pagar US$ 98 milhões com dinheiro do próprio caixa da empresa e entregar 6,1 milhões de suas ações preferenciais, num total de US$ 275 milhões. Além disso, a empresa vai assumir a emissão de R$ 100 milhões de debêntures de dez anos emitidas pela Varig, aumentanto o valor total do negócio para US$ 320 milhões. Ainda de acordo com o comunicado, a aquisição será realizada pela GTI S.A, uma subsidiária da Gol. A Gol assumirá integralmente as obrigações da nova Varig, como honrar as duas emissões de debêntures, de R$ 50 milhões cada, com prazo de 10 anos; a criação do Centro de Treinamento da Varig num valor mínimo de R$ 1 milhão; e a locação de alguns imóveis da Varig, em condições de mercado.
A Gol informou também que dobrará a frota da Varig das atuais 17 aeronaves para 34 jatos, todos da Boeing, sendo 20 modelos 737 e 14 aviões 767. Essa frota permitirá à Varig voar para 12 destinos internacionais: Frankfurt, Londres, Madrid, Milão e Paris, na Europa; Miami, Nova York e Cidade do México, na América do Norte; e Buenos Aires, Santiago, Bogotá e Caracas, na América do Sul. Em rotas internacionais de longa distância e em mercados de alto tráfego na América do Sul, a Varig irá voar com duas classes, econômica e executiva.
No mercado doméstico a Varig vai operar com uma única classe, priorizando as ligações entre os principais centros econômicos do país, tendo como principais bases de operação os aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, e Santos Dumont e Galeão, no Rio de Janeiro.

Redação G1